Novas modalidades esportivas, como o MMA, têm
feito com que empresas criem novas áreas de negócios e novos empreendimentos
cheguem ao mercado
O calendário esportivo engordou, há mais empresas patrocinando clubes e
atletas e a administração de estádios está se tornando um negócio rentável
São
Paulo - No mês que vem acaba o campeonato Brasileiro de Futebol, o Brasileirão.
Nos gramados, os 20 maiores clubes disputam 380 jogos, por sete meses, em busca
do primeiro lugar no maior evento da agenda esportiva do país. No ano passado,
mais de 5 milhões de torcedores compareceram aos estádios, gerando uma receita
de bilheteria de aproximadamente 120 milhões de reais. Essa dinheirama é apenas
uma fatia, a menor porção, do total de recursos movimentados pelo futebol.
Segundo
levantamento da consultoria BDO RCS, os 20 maiores clubes geraram 2,15 bilhões
de reais em negócios em 2011. Essa grana vem da bilheteria dos jogos, da venda
de patrocínio e das negociações envolvendo a compra e a venda de atletas. Longe
dos holofotes e dos gramados, centenas de profissionais disputam o direito de
negociar em nome dos times.
Até
o fechamento desta edição, Flamengo, Corinthians e São Paulo estavam no centro
de uma disputa envolvendo as grandes agências de marketing esportivo, entre
elas a traffic, do empresário J. Hawilla, e agências médias, como a carioca
Golden Goal, fundada, em 2004, por Mauro Corrêa e Carlos Eduardo Ferreira,
ex-consultores da A.T. Kearney. Embora os contratos de patrocínio no futebol
ainda representem o lado mais estrelado e endinheirado do esporte,
outros negócios têm atraído o interesse de anunciantes e investidores.
Por
exemplo, a administração dos estádios. Até bem pouco tempo os camarotes das
arenas brasileiras eram espaços decadentes. Eles se transformaram em palco de
eventos corporativos durante as partidas de futebol e os shows de celebridades,
como U2 e Madonna. A Golden Goal administra os 79 camarotes do Engenhão, o
estádio do Botafogo, no Rio de Janeiro. O cliente bancos e grandes empresas
aluga o espaço e a Golden Goal faz a gestão dos fornecedores de bebidas,
comidas e outros serviços.
"Esse
filão representa 25% do nosso faturamento", diz Flávio Souza, diretor
administrativo- financeiro. Além disso, novas modalidades esportivas, como o
MMA, têm feito com que empresas estabelecidas criem novas áreas de negócios e
novos empreendimentos cheguem ao mercado. Há também uma diversidade de projetos
em andamento por causa da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.Esses
projetos têm gerado demanda por consultores especializados em medir o retorno
de grandes investimentos de marketing no esporte.
Mais
vagas
Um
estudo da SportPar, empresa de investimentos e gestão de ativos nas indústrias
de esporte, entretenimento e mídia, mostra um aumento das receitas globais do
esporte em 4,8% ao ano, chegando a 320 bilhões de reais em 2016. Nesse cenário,
o Brasil saltará de 6 bilhões de reais, gerados em 2010, para 10 bilhões de reais,
em 2016. No mesmo período, o setor que emprega atualmente 300 000 profissionais
deve dobrar a oferta de vagas.
Esses
números têm atraído empresários como o bilionário Eike Batista, que no ano
passado se associou à americana IMg Worldwide. dessa parceria nasceu a IMX.
"somos uma empresa pequena e pretendemos estar entre as maiores do setor
nos próximos três anos", diz Alan Adlert, presidente da IMX, que emprega
55 funcionários, entre eles profissionais de finanças, publicidade e
comunicação. A IMX está por trás de eventos de golfe, vela, tênis, mas tem
também em seu portfólio campeonatos de skate e BMX.
No
mês passado, a empresa de Eike adquiriu 50% da marca Rock in Rio. O
posicionamento da IMX diz muito sobre a convergência que está em curso entre o
mundo dos esportes e o do entretenimento movimento que deve abrir novas vagas
para profissionais de diversas áreas. A 9ine, formada no ano passado de uma
parceria entre Ronaldo, o ex-jogador camisa 9 da seleção, e a WPP, o maior
grupo de comunicação do mundo, tem como carro-chefe a gestão de imagem de
atletas e artistas, um modelo que é novidade por aqui.
Entre
seus agenciados estão o lutador Anderson Silva e os jogadores de futebol
Neymar, do Santos, e Lucas, do São Paulo. Ronaldo também administra os
contratos do cantor Luan Santana e está em negociação com duas cantoras
famosas, uma baiana e outra mineira. "O nome Ronaldo abre muitas
portas", diz Evandro Guimarães, diretor de operações.
A
9ine, que começou com quatro funcionários, hoje emprega 30 e opera nos moldes
de uma agência de publicidade, com áreas de atendimento, criação e mídia.
"O mercado de esportes no Brasil é emergente, e isso quer dizer que temos
um mar de oportunidades pela frente", diz Marcos Lacerda, presidente da
Momentum Sport, uma sociedade entre a agência de publicidade WMcCann e o
ex-piloto Emerson Fittipaldi, com menos de um ano de atividade.
Ela
atua em consultoria para empresas interessadas em investir em esporte, mas que
não sabem em qual modalidade nem como, na ativação de marcas para as companhias
que já compraram cotas de patrocínio e precisam explorar as oportunidades da
associação com o clube ou com o atleta. A agência, que tem 17 funcionários,
quer dobrar esse número nos próximos meses. As empresas citadas são apenas um
pequeno extrato de um mercado que está se renovando e criando empregos.
As
escolas de negócios já se deram conta da necessidade de mão de obra
especializada para o segmento. A Trevisan Escola de Negócios, de São Paulo, tem
um MBA de gestão do esporte, cujo foco é negócios. No mês passado, a Fundação
Getulio Vargas do Rio de Janeiro abriu um curso de marketing esportivo em
convênio com a Federação Internacional de Futebol (Fifa). O programa é aberto
para advogados, publicitários, administradores e atletas. Nesse mercado, a rede
de relacionamentos é tão importante quanto ter experiência.
É
fundamental circular pelos eventos esportivos e investir em networking. Um
profissional que está começando ganha até 3 000 reais, e um diretor de 20 000 a
30 000 reais. A maioria das empresas não tem um plano de carreira definido, o
que faz com que as promoções dependam da habilidade de gerar novos contratos e
negócios. "Porém, é um setor que está se profissionalizando rapidamente e
vai remunerar melhor quem for mais especializado", diz Pedro Trengrouse,
coordenador acadêmico do curso da Fifa-FGV.
Fonte: exame.abril.com.br
Foto: divulgação
Por Luiz de França e José Eduardo Costa, da Você/SA
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