quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Apenas uma das seis pistas de skate do DF é considerada em perfeito estado por especialistas


Esta Matéria foi Produzida pelo Correio Braziliense Publicação:

Falhas nas construções são apontadas como principal causa dos defeitos

Na última década, as preces dos skatistas de Brasília passaram a ser atendidas com a construção de pistas em diversas cidades do Distrito Federal. Entretanto, algumas foram feitas com material inferior e os defeitos já começaram a aparecer, fazendo com que os obstáculos a serem superados pelos atletas sejam muito maiores do que apenas rampas, caixotes e corrimãos.

Para conferir o estado de conservação dos principais pontos de encontro da modalidade na capital federal, o Correio percorreu seis pistas acompanhado pelo presidente da Associação de Skate da Capital, Francisco Pessanha (mais conhecido como “Chikin”), e por Alber Leandro, duas vezes campeão brasileiro da categoria amador II, na quarta reportagem da série que avalia os locais públicos para a prática de esportes em Brasília.

Falta de estrutura
A primeira das seis pistas avaliadas foi a do Guará, localizada no complexo do Cave. Ela foi construída há menos de dois anos, mas até hoje não conta com iluminação, o que impede o uso da área depois de escurecer. Além disso, moradores contam que usuários de crack tomam conta da área durante a noite, por causa da escuridão e do isolamento.

O mato e a terra em volta sujam a pista e o chão, feito com material inadequado, o que favoreceu o aparecimento de rachaduras com pouco tempo de uso. Ainda há muitas poças formadas pela chuva, pela falta de escoamento de água. Apesar dos problemas, o skatista amador Lehi Leite, campeão do Circuito Centro-Oeste 2009 e morador do Guará, garante que a pista foi uma grande conquista e é importante para o seu dia a dia. “Ela é muito boa para treinar street, com muitos obstáculos. Eu treino aqui para competir fora de Brasília.”

Na Candangolândia, Chikin e Alber se decepcionaram com o estado da pista, que fica no Centro de Lazer Praça do Bosque. “Ela é completa, com vários obstáculos, mas foi feita com material inadequado e já está destruída”, lamenta Chikin. Michelle Ferraz, 15, parou de usar a pista depois que seus patins quebraram em uma das rachaduras do piso. “O half (rampa em forma de U) está rachado, o corrimão amassado e as grades estão moles. Desde o ano passado falam que vão reformar”, conta.

O piso ideal
A pista do Núcleo Bandeirante foi considerada a melhor de todas. Localizada atrás do Supermercado Super Maia, reúne atletas de todas as idades em um local perfeito para a realização de diversas manobras, com piso adequado, iluminação e segurança. “Foi muito bem planejada e tem uma ótima localização”, explica Alber. “Tem um ótimo piso e uma sequência de quarters (metade de uma minirrampa usada no estilo livre, de rua) diferente”, elogia Chikin.

Já no Recanto das Emas, a pista é bem recente, construída há menos de um ano. Chikin gostou do que viu, mas fez uma ressalva. “É boa para andar, mas foi construída só pela metade”, contou. Segundo ele, o projeto original era do dobro do tamanho e ficaram faltando itens importantes para a pista. Além disso, a reclamação ficou por conta da sujeira. “Podiam fazer um murinho em volta, para não entrar tanta terra”, sugere Alber. “A terra estraga as rodinhas do skate e pode causar acidentes”, lembra Chikin.

Abandono
A pista do Cruzeiro é a mais antiga das que ainda resistem no Distrito Federal. Por isso mesmo, foi iniciada uma restauração em 2008, mas a obra foi abandonada, segundo Chikin. “Quebraram metade da pista, mas não fizeram a reforma.” Encontra-se com o piso quebrado, rampas destruídas em estado de completo abandono, totalmente imprópria. “Queremos que ela volte a funcionar”, pede Alber.

Na Ceilândia, a pista localizada na Praça dos Eucaliptos foi construída sem planejamento, há cinco anos aproximadamente, e necessita de uma reforma para se adequar às exigências dos skatistas. “São obstáculos muito grandes para o tamanho da pista”, reclama Alber. Mesmo com os problemas, Chikin ressalta que o circuito ainda pode ser utilizado. “Ela é muito importante para os skatistas da Ceilândia, mas precisa da reforma.”

Diferente de outros esportes, não existem (no Brasil) clubes que preparem e forneçam a estrutura necessária aos esportistas, deixando toda a carga em cima do governo. No entanto, é preciso ouvir os skatistas para fazer uma pista que dure, de acordo com Chikin. “O que a gente quer é que as pistas sejam construídas com um bom material.” Alber conta a motivação para superar os problemas: “A gente tem muito amor pelo skate”.


» Saiba mais

Até meados dos anos 90, não existiam pistas próprias para o skate em Brasília. Os amantes da modalidade se viravam nas calçadas e nas escadarias dos prédios da cidade, ideais para a prática do street (estilo livre, de rua). Ainda hoje, um dos locais que mais reúne skatistas é o Setor Bancário Sul.

Nenhum comentário: