Desde que tomei um café lendo uma revista de esportes radicais – coisa que eu não sou nada adepta nem interessada -, onde fiquei sabendo da escalada invernal do Monte Karakoram pelo alpinista italiano Simone Moro, ano passado, não consegui parar de pensar no que move as pessoas a querer se sobrepor (ou seria confrontar?) a natureza, bem como o que esses desbravadores necessitam para desempenhar bem tal feito – e saírem vencedores.
Aliás, a indumentária, nestes casos, deixa de ser uma cobertura do corpo ou uma identidade, e passa a ser um salva-vidas, um auxiliar ou, mesmo, apenas um alerta, mas que de qualquer forma é elemento importante para a prática de esportes radicais, bem como para a melhora do desempenho diante da batalha travada.
Há alguns anos, quando começou a se ouvir alguma coisa sobre montanhismo, falava-se apenas emroupas coloridas e gritantes, nunca verdes ou camufladas, cinzas ou marrons, para facilitar encontrar os indivíduos. Uma mera questão de segurança, mesmo.
Hoje, o montanhismo está trazendo elementos tecnológicos inseridos às suas vestes, em fase de sesenvolvimento ou em fase de teste em uso.“Os óculos (googles) já têm lentes que se adaptam a temperaturas, que não embaçam e, assim, permitem a escalada noturna, que antes não eram possíveis."
Os calçados estão com solas que produzem energia a cada passo, e esta energia é suficiente para ser usada em baterias, celulares e MP3.
As sapatilhas e botas podem ter GPS, para monitoramento, localização e informações de tempo no local, que pode indicar se vai ou não prosseguir com a escalada. Não suficiente, ainda vêm com alarme para equipes de resgate.
E aqui na USP, na Escola Politecnica, estão desenvolvendo uma palmilha que regula a temperatura, com o Sistema Conforto Térmico Plantar.”
E, considerando que os adeptos do montanhismo e escaladas em geral, muitas vezes viram o mundo para superar seus limites, não podemos deixar de considerar a neve. E nisso, podemos inserir o esqui. E não vamos tratar das roupas que lançam tendência em Aspen, mas a funcionalidade e as inovações para aqueles que buscam mais que ostentar glamour, dinheiro e fama.
já está em uso um macacão que tem airbags, que é um sistema preciso de segurança, muito útil em enxurradas de neve. Mas está em teste uma roupa ainda mais indicada para avalanches, que, no caso do desmoronamento, cria pequenas bolsas de ar. E, não, não é para proteger de impactos. As bolsas criam uma espécie de iglu ao redor do corpo, permitindo manter a temperatura até a pessoa ser resgatada.
Os googles para esqui já vêm com plataforma de internet, GPS, Bluetoooth e Android. Além disso, permitem a medição de gasto de calorias, bem como a previsão do tempo. Não é a toa que tem controle remoto wireless.
“As botas, que dizem os esquiadores que são a parte mais complicada para o uso, por não serem perfeitas aos pés (por tamanho e o formato diferenciado de cada indivíduo), está em processo de teste de uma sapatilha inflável, que faz esses ajustes anatômicos.”
E a bike, que também está no ramo de esportes radicais (ainda mais hoje, nas ruas de Porto Alegre), também ganhou um apoio tecnológico, para treino e competição.
“As roupas ganharam fibras de compostos de carbono ou aramidas, que geram tecidos mais maleáveis e flexíveis, sendo ultraresistentes a rasgos, furos e qualquer outro infortúnio que quedas em geral podem ocasionar.
As palmilhas para a pedalada já podem ser adquiridas de forma mais adaptada e confortáveis, moldadas termicamente na compra, de acordo com o próprio pé, como as desenvolvidas pela Fi’Si:K.”
E para o treino físico (?), a corrida, que é um esporte mais habitué, também ganhou muitos apetrechos, importantes para controlar o próprio desempenho, bem como se favorecer em competições.
O boné já pode vir com transmissores de dados, com velocidade, temperatura, quilômetros percorridos e especificação de terreno, bem como algumas informações e comparações com adversários.
Os óculos vêm com câmera de sensores, que podem guiar tanto em treinos quanto em percursos secundários, como guia.
As camisetas funcionam com um sistema semelhante a m frequencímetro, mas que captam os dados do corredor durante o treino, permitindo fazer comparação de desenvolvimento.
Os tênis são ultraleves, que “colam” nos pés para adaptação total de medidas. Os soladostambém são.“inteligentes”, e se adaptam as superfícies e intempéries. Além disso, possuem chips de comunicação, úteis em corridas de revezamento, trekking, etc, e passam informações sobre o timming e o estado do atleta.”
As viseiras lançadas pela empresa alemã O-Synce permitem visualizar dados do treino durante a corrida. O sistema Data4 Vision tem a captação similar a dos cintos cardíacos.
É sempre bom saber que o homem quer se superar. Isso pode ser um estágio mental, umposicionamento pessoal ou uma batalha que pode, muitas vezes, ser de vida ou morte (na escalada anterior de Simone Moro, sua equipe morreu durante uma avalanche, e ele sobreviveu quase como por milagre). E se a tecnologia consegue se associar aos mínimos elementos necessários do homem,como a roupa, ela passa a possibilitar melhorias de desempenho e sobrevivência, mas sem afetar o ideal da volta a natureza, ou o embate do homem e suas origens.
E deixo-os com a escalada dos alemães do Rammstein, com a irmandade que se cria no compartilhar de um ideal que é o cume de uma montanha.
"proradicalskate"
Nenhum comentário:
Postar um comentário