Uma cena comum hoje em dia, nas academias e pistas de corrida das
cidades, é o uso de bebidas energéticas para correr, fazer aulas de spinning,
cardiotreinos, atividades aeróbicas em geral que exijam um pouco mais do
organismo. A indústria de energéticos passou a mirar nos atletas e esportistas
ávidos por uma performance melhor (além dos baladeiros que misturam a bebida
com álcool) e muita gente tem aderido ao modismo. O resultado é um faturamento
de nove bilhões de doláres apenas em 2011, pelas cerca de 500 marcas em todo o
mundo.
Para a saúde, no entanto, as consequências não são tão “positivas”
assim. Não por acaso, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) permite os termos “Bebida energética” ou “Energy Drink” nos
rótulos, mas proíbe expressões como “Estimulante”, “Melhora de desempenho” e
equivalentes. Ainda não há pesquisas científicas que comprovem os riscos reais
de ingerir energético para malhar, mas a comunidade médica global tem se
mobilizado para alertar a população.
A cafeína, um dos princípios ativos dessas bebidas, estreita os vasos do
cérebro e do coração, enquanto a atividade física pede justamente o contrário,
que passe mais sangue. Assim, é possível haver aumento da pressão arterial,
além da irritação do aparelho digestivo, principalmente em pessoas que já
tenham alguma predisposição – quem tem refluxo ou gastrite deve evitar. Muita
cafeína também prejudica a qualidade do sono se a bebida for ingerida no início
da noite.
Cardiopatas que queiram consumir energéticos devem ter cuidado redobrado
e, antes, ter uma boa conversa com seu médico de confiança. É raro, mas
uma overdose de cafeína pode provocar danos mais
sérios, segundo o neurologista e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília,
Dr. Ricardo Teixeira. “Em 2007, por exemplo, um competidor de motocross na
Austrália teve uma parada cardíaca após beber oito latas de energético num
espaço de tempo de cinco horas”, relata.
Vale ressaltar que os
energéticos estão longe de ser o suplemento ideal para qualquer atividade física.
Até mesmo o café é contraindicado antes de malhar… Quem corre, nada ou pratica
spinning ou ciclismo precisa mesmo é de carboidratos, presente em pães,
macarrrão e batata, por exemplo. E a musculação, por sua vez, requer proteínas
encontradas nas carnes e laticínios.
Médicos especialistas em fisiologia do exercício podem adequar a dieta à
rotina das pessoas que queiram intensificar sua atividade física. Além disso,
há suplementos nacionais e estrangeiros que fornecem carboidratos e proteínas
adicionais, se a necessidade for comprovada pelo profissional de saúde.
Respeite os sinais do seu corpo e não o sobrecarregue. Na maioria das
vezes, resultados rápidos são perigosos e podem prejudicar não só o seu treino,
mas todas as outras áreas da sua vida. Boa malhação!
Por Flávio Cure é cardiologista e clínico
geral.
Fonte: jblog para o proradicalskate
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