terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lais Souza troca collants por trajes de esqui: 'Dá para manter a beleza'

Ginasta coloca vaidade de lado por segurança em sua caminhada rumo às Olimpíadas de Inverno de Sochi, mas diz: 'Fora dos treinos sou muito vaidosa'

Maquiagem, gel no cabelo cuidadosamente amarrado em um coque e um belo collant justinho. A vaidade sempre fez parte da vida de Lais Souza e é fundamental em um esporte tão plástico quanto a ginástica artística. Só que as horas se arrumando em frente ao espelho para entrar em ação agora não passam de minutos. O corpo da atleta se esconde por baixo de roupas longas, cobertas de neve. A paulista de Ribeirão Preto se aventurou no esqui aéreo para tentar uma vaga nas Olimpíadas de Inverno de Sochi, em fevereiro de 2014. E o guarda-roupa também passou pela mudança, mas Lais afirma que continua sendo muito vaidosa.
- Não sinto tanta falta assim desse lado de vaidade porque fora dos treinos sou muito vaidosa. Claro que isso fica bem por último. O cabelo, que a gente fazia, passava gel e brilho, não existe mais. Vai ficar debaixo do capacete e quando tirar fica uma coisa horrorosa (risos). A prioridade é estar protegida, depois bem aquecida, mas ainda dá para manter a beleza - disse a atleta.


Quando foi convidada pela CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) para participar da seletiva do esqui aéreo, Lais tremeu de medo. Ela estava acostumada com as piruetas e os mortais da ginástica, mas não se imaginava voando com esquis nos pés. A ginasta afastou o medo pela chance de disputar os Jogos pela terceira vez - ela defendeu a equipe de ginástica em Atenas, em 2004, e em Pequim, em 2008, e foi cortada às vésperas das Olimpíadas de Londres por causa de uma fratura na mão.

Os trajes de frio, então, entraram na vida da ginasta. Afinal, capacete e roupas espessas protegem o esquiador nas dolorosas quedas, e diminuem os perigos do esporte radical. Lais teve seu primeiro contato com parte de seu novo guarda-roupa durante o período de três meses de treinamentos no Canadá e nos Estados Unidos. Ela já consegue até fazer a difícil manobra do duplo mortal, mas ainda não completou nenhum salto na neve - só saltou na piscina e em enormes colchões.
- Só usamos a roupa para água ainda. Por baixo, nós colocávamos a nossa roupa de frio. Estou ansiosa para ver a roupa de competição na neve. Pelo que eu vi da roupa dos outros atletas, eu curti. Se for quentinho, ajuda muito já, porque vai estar muito frio - disse a ginasta.
Lais conta os dias para o início da temporada de inverno no hemisfério norte. Ela viajará para a Finlândia no fim deste mês para começar a saltar na neve e disputar sua primeira competição, em Ruka.



A ginasta, que agora só está fazendo exercícios de força, também passou duas semanas treinando na rampa sintética de São Roque, no interior de São Paulo. Apesar do calor do local, tinha de treinar com roupas de frio para minimizar "as raladinhas e os roxos” pelo corpo. Por outro lado, a desidratação é grande. Em um dia de exercícios, Lais e sua companheira de treino Josi Santos chegam a beber juntas cinco litros de água.
- Não tem muito segredo, a cada salto tem de beber um pouco de água. Às vezes usamos um isotônico básico, mas nada demais. O importante é repor bem e comer proteínas depois dos treinos para manter a massa muscular ativa. Também é preciso fazer academia. Já estávamos acostumadas a controlar a alimentação na ginástica - disse Lais.
A definição das vagas olímpicas no esqui aéreo terá como base o ranking da FIS (Federação Internacional de Esqui) do dia 19 de janeiro. Para conseguir os pontos necessários, Lais tentará se classificar para as duas etapas chinesas da Copa do Mundo, em dezembro. No entanto, ela tem mais chances de participar das três etapas de janeiro, duas nos Estados Unidos e uma no Canadá.


Por: Marcos Guerra
Fonte: globoesporte
Foto: Mauro Horita
Proradicalskate

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