domingo, 20 de abril de 2014

Moda se promove com popularidade do skate. O resultado às vezes é ridículo


Em tempo de São Paulo Fashion Week, vale tudo para estar na moda. Ao menos na cabeça de alguns estilistas e criadores que se utilizam do skate como plataforma para o sucesso, mesmo com estilos duvidosos e sem sentido.
Um exemplo claro disso está em um programa – polêmico - do apresentador Arlindo Grund chamado Tenha Estilo, exibido há dois anos no SBT. Arlindo, que também divide as atenções com a modelo Isabela Fiorentino em outro programa da mesma emissora (Esquadrão da Moda), se aventurou a oferecer dicas de estilo para skatistas.
Não deu certo. De acordo com os skatistas ouvidos pela reportagem do UOL Esporte, o resultado foi ridículo. "Não é porque você faz faculdade de moda que você entende de moda em geral. Se você nunca andou de skate ou frequentou shows de rock, você nunca vai entender a real estética disso. Moda não é o que você vê na TV", ataca o skatista, músico e artista plástico Magoo Felix, 37 anos da banda Twinpines. "A faculdade ensina a teoria, a rua ensina a prática. Não acredite em tudo que você lê nos livros", sintetiza Magoo Felix. 
Ainda mais radical é o apresentador do programa Grito da Rua, Eduardo Dardene, o Badeco, que afirma; "A moda é uma grande enganação, que move milhões de dólares e o próprio mercado do skate", avalia.
A popularização global do skate se deu em parte pelo seu baixo custo. Um skate custa a partir de R$ 100. Mas ao contrário disso, marcas como Chanel emprestaram sua conceituada marca para fazer seus próprios skates. O preço? De R$ 1.850 a R$ 12.500.


O vídeo com trilha sonora de academia produzido "para a tribo dos superdescolados", como o próprio Arlindo disse, propõe o uso de coletes de matalassé, com malhas de tricô e bermudas de jogador de basquete. Ou ainda usar camisetas polo, e calças largas acima do joelho, e apertadas embaixo, além de ternos com moletom.



"Eu acho que ele (Arlindo) não teve a informação de que os skatistas não seguem as tendências, pois eles criam sua própria moda", afirmou o streeteiro Alexandre Fumaça de 40 anos, ator, produtor e modelo em desfiles da marca Cavalera. O fotógrafo e skatista profissional Fábio Sprovieri, o Dery, de 48 anos, concorda com as afirmações de Fumaça e vai além. "Eu não sigo a moda, se a moda quiser que me siga", diz.
A polêmica sobre a moda no universo skatista não acontece somente no Brasil. Na Inglaterra, a revista Kingpin listou 15 exemplos de grandes marcas de moda utilizando o skate da pior maneira possível. Dentre as maiores polêmicas, a que não deve passar desapercebida é a da cópia sem limites do estilista Jeremy Scott fez com as obras do artista gráfico de skate Jim Philips. Conhecido por seu estilo inconfundível de suas produções para a marca Santa Cruz, Jim teve boa parte de suas criações copiada deliberadamente por Jeremy, o que até hoje causa indignação por parte dos skatistas.

Grandes profissionais do skate de rua como o fenômeno Nyjah Huston, por exemplo, também caíram na tentação da fama e do dinheiro da moda, ao participar de um vídeo clip para a revista masculina GQ, usando terno e sapatos – roupas que segundo a Kingpin nenhum skatista jamais iria utilizar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Por: Paulo Anshowinhas
Fonte: uol
Foto: Divulgação
Proradicalskate

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