Luiz Fernandes, o Aladin. |
Com espaços públicos que atraem a atenção de inúmeros praticantes, Brasília, na verdade, carece de estrutura adequada para o desenvolvimento da modalidade e o surgimento de novos talentos
Para quem anda de skate, a arquitetura de Brasília pode ser considerada um paraíso natural. Espaços como o Setor Bancário Sul e os arredores do Museu da República e da Biblioteca Nacional são picos — na linguagem dos skatistas — perfeitos para a prática da modalidade. Ainda assim, a capital não tem força no esporte em âmbito nacional. Os praticantes da cidade carecem do respaldo de uma federação local e só treinam em pistas mal projetadas e aos pedaços, construídas nas satélites e no Entorno.O Plano Piloto não conta com um local próprio para a prática do skate. O antigo Tribal Parque, no Parque da Cidade, está esquecido há quase uma década e deixou saudade nos skatistas brasilienses. Sem a estrutura e o apoio adequados, Brasília vive um momento em que não conta com profissionais representando o DF no país e no mundo.Aqueles que conseguem viver do esporte optaram por deixar a cidade e buscar melhores condições de treinar e aparecer em outros estados ou países. No entanto, resta alguma esperança. Brasília ainda tem talentos que visam não só ganhar destaque, mas também levar a capital junto no processo. É o caso de Luiz Paulo Fernandes, o Aladin, 24 anos. Vice-campeão da etapa nacional do Red Bull Manny Maia, no último domingo, em Porto Alegre, o brasiliense sonha ver a capital do país na cena do skate.“Como eu moro em Brasília, tudo é mais difícil. Atualmente, não temos nenhum profissional ativo aqui. Tudo acontece em São Paulo, onde são realizados campeonatos em todos os fins de semana. As revistas são de lá. Aqui, eu tive que fazer uma marca de skate porque não tinha nenhuma na cidade”, comentou o skatista, ainda amador, falando sobre as condições na cidade. “Existem algumas pistas mais ou menos, mal projetadas. Mas do jeito que a gente precisa, para evoluir e nos darmos bem nos eventos, ainda não temos.”
Esporte em pauta
21 de junho, foi o Dia Mundial do Skate. Aproveitando a data, o deputado distrital Israel Batista (PDT) convocou sessão solene na Câmara Legistlativa para tratar da modalidade na capital. Durante o encontro, políticos e skatistas falaram da situação precária e trataram de medidas para criar novas pistas e reformar as antigas. O subsecretário de Mobilização Social e de Promoção da Secretaria de Justiça, Luiz Felipe da Cunha, afirmou que o órgão vai disponibilizar R$ 2 mihões para a construção de pistas de skate no DF.
Rolf Bravim |
Pistas de treino no DF: "A maioria não presta"
Aos 32 anos — 17 deles dedicados ao skate — Rolf Bravim, ou simplesmente Maninho, como é conhecido, destacou a importância de contar com locais específicos para a modalidade. “A nossa busca é por pistas. O skatista precisa de um local apropriado porque o skate danifica um pouco os espaços públicos. A gente carece de pistas boas, de qualidade. Não adianta fazer algo ruim, sem orientação de quem entende. Temos várias hoje, mas a maioria não presta”, reclamou.
Maninho ainda lembrou os bons tempos da pista do Parque da Cidade — “era maravilhoso” — e reiterou que é fundamental para os atletas que a federação saia logo do papel. “Isso é importantíssimo. A galera está se mobilizando para isso acontecer. Nossos atletas de ponta estão saindo daqui para buscar uma vida profissional. Isso é uma vergonha”, lamentou.
Entenda o caso
Falta de consenso atrapalha
Para que a federação saia do papel, é necessário que os skatistas e as associações do DF — como a Associação de Skate da Capital (ASC) e a Associação dos Skatistas do DF (ASKT-DF) — se unam. “A federação precisa do aval de quatro associações e os presidentes precisam estar diretamente envolvidos. Isso ainda não foi feito. Existem as associações ativas, mas a documentação ainda não está valendo. Precisamos dessa união para iniciar o processo”, explicou o skatista Walter Junior.
Fonte: Vagner Vargas - Correio Braziliense
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