Ainda pouco conhecido, esporte ganha adeptos aos poucos e
promete ser mais que modismo de
verão
RIO — Tão garantido quanto o sol que brilha mais forte nesta época do ano é a certeza de que o verão — que acaba no dia 20 — nunca se despede do Rio sem deixar de presente um novo modismo. Basta uma caminhada ao redor da Lagoa, pelo aterro do Flamengo ou pela orla da Zona Sul para perceber que a novidade da vez desliza sobre quatro rodinhas, tem a companhia de uma haste de fibra de carbono e atende pelo nome de skate paddle, stand up skate, land paddle ou street paddle. Os nomes de batismo são vários, mas os praticantes ainda são poucos. Mesmo assim, eles atraem os olhares por onde passam, por causa das manobras elegantes e rápidas. A modalidade transportou o surfe de remo (stand up paddle) para as ciclovias e renovou a forma de usar as clássicas pranchas de skate longboard e hangboard.
Quando pratica o street paddle, nos fins de tarde, na orla da Lagoa, o instrutor de skate Gabriel Mustrangi volta e meia precisa interromper as manobras para satisfazer a curiosidade de quem está por perto. Um dos primeiros adeptos da modalidade no Rio, ele aposta que o esporte chegou para ficar. Gabriel conta que o street paddle encanta pelo fato de proporcionar equilíbrio e segurança até mesmo para quem ainda não domina a prática do skate.
— Não tenho dúvida de que vai fazer o maior sucesso no Rio. É a cara da
cidade. Como o stand up paddle, ele está começando devagarinho. Os cariocas
estão descobrindo agora essa modalidade, que surgiu no Havaí em 2008. Tem gente
que nunca andou de skate e, agora, quer aprender direto o skate paddle. É uma
maneira divertida de se exercitar — diz Gabriel, dono de um site
(www.longpraiaclube.com.br) com informações sobre o esporte, que veio do Havaí
com escala na Califórnia.
Quem se encantou pela modalidade da hora diz que ela agrega valor à
prática do skate, já que trabalha também a musculatura do abdome e a parte
superior do tronco, pois, em vez de o movimento ser comandado pelas pernas, no
paddle street são os braços que impulsionam o remo (big stick), que pode ser
confeccionado em madeira, bambu, alumínio, aço e fibra de carbono — este último
é mais leve e, portanto, mais procurado. Na extremidade do remo, a lâmina de
policarbonato e borracha — com orifícios para amortecer o impacto — é perfeita
para o contato com o solo. O remo deve chegar à altura do rosto do praticante.
— É importante que a altura do stick fique entre a testa e o queixo,
porque, assim, o movimento do remo será anatomicamente melhor, para não
prejudicar a articulação do ombro — ensina o professor.
Ao contrário do que se possa imaginar, o skate paddle, que pode atingir
a velocidade de até 20km/h, segundo Gabriel, não é mais veloz que o skate
clássico, que conta com o impulso das pernas:
— Mas, com certeza, a nova modalidade dá maior sensação de equilíbrio
para quem está em cima do skate.
O ideal é o uso dos pranchões longboard e hangboard para deslizar com a
ajuda do remo. As manobras clássicas do skate ficam mais restritas nessa
modalidade, mas quem já viu de perto concorda que a graça fica mesmo nos
movimentos feitos em linha reta.
— Eu achei uma graça. Nunca tinha visto esse jeito de andar de skate. É
bem diferente. Movimentar o remo como se a pessoa estivesse no mar dá uma elegância
maior do que a forma comum de acionar o skate com o pé — diz a estudante Maria
Alice de Lima, que caminhava na última quinta-feira na orla da Lagoa e se
deparou com Gabriel praticando skate paddle na ciclovia.
Sem ter qualquer intimidade com skates, o funcionário público Glauco
Moreira, de 49 anos, descobriu o street paddle, por acaso, na internet, quando,
há cerca de quatro meses, pesquisava sobre algum esporte que pudesse praticar.
Sempre teve vontade de aprender surfe de remo, mas, por morar longe da orla,
desistira da ideia há tempos. Até que, de repente, viu a foto de alguém usando
o remo no asfalto...
— Na hora, achei que seria a prática perfeita para mim, porque eu
poderia usar o remo no asfalto. Eu fiquei inseguro em relação ao skate, mas vi que
não era tão difícil. Em três meses, já comecei a dominar, e, durante esse tempo
todo, levei apenas dois tombos. No início, as pessoas ficaram me censurando,
por causa da minha idade. Mas eu acho que não tem idade para praticar um
esporte. Aproveito quase todos os fins de semana para andar de skate paddle no
Aterro do Flamengo e tem sido um prazer, porque me desestressa — diz Glauco,
que já tentou praticar o esporte no Méier, onde mora, mas, segundo ele, as
áreas de lazer ficam muito cheias e, por isso, sem espaço para as manobras.
Lojas ainda estão desabastecidas
Como o skate paddle está estreando no Rio, nem todas as lojas
especializada em esporte oferecem o big stick, que custa entre R$ 150 e mil
reais, de acordo com o material. À Galeria River, em Copacabana, referência
entre os skatistas, a novidade ainda não chegou, por exemplo. Mas os skatões
podem variar de R$ 300 a R$ 1.500. Os funcionários da Boards Co, uma das lojas
mais procuradas pelos praticantes, já estão de olho na tendência.
— Ainda não temos o equipamento, mas, como algumas pessoas já vieram à
loja procurar, estamos atentos. Se esse interesse continuar crescendo, vamos,
claro, ter que encomendar — conta um funcionário da Boards Co.
André Viana, presidente da Federação de Skate do Estado do Rio de
Janeiro, confessa que apenas no mês passado descobriu a existência da prática
do skate paddle no Rio.
— Ainda são poucas pessoas praticando. Por isso, ainda é cedo para dizer
se a modalidade vai pegar ou não. Eu, particularmente, não vejo necessidade de,
na prática de skate, se usar um remo, quando o pé já pode fazer o movimento de
“remar” — diz ele, dando assim pista de que não se encantou com a nova
modalidade. — Mas é sempre bom saber que o skate continua bombando no Rio. Uma
pesquisa revelou recentemente que 6% dos domicílios do Sudeste têm um skate.
Fonte: http://oglobo.globo.com
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/skate-paddle-remadores-do-asfalto-conquistam-ciclovias-7811007#ixzz2NXmBZL7O
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