O
espetáculo que pretende atrair 6 milhões de pessoas às arenas no Brasil - mais
que o público total do Brasileirão de futebol - aposta na emoção do duelo entre
touro e homem. Com prêmios milionários, peões dividem o estrelato com os
animais, tratados com cada vez mais cuidado
Hoje os peões só vestem o tradicional chapéu na hora de dar
entrevistas e de conversar com o público. Sobre o touro, capacete e colete de
proteção são itens obrigatórios
Em meio à música alta e à vibração do público, o atleta
tenta se concentrar. Depois da contagem regressiva, abre-se a porteira e a
missão é uma só: se segurar. Sob suas pernas, mais de 800 quilos de fúria, se
mexendo, pulando e sacolejando. Cinco segundos, seis, sete, oito no máximo e
chão: lá está o peão caído, os auxiliares tentando controlar o touro. Fim do
duelo. Como num clássico do futebol, a torcida grita e faz uma grande festa.
Termina mais uma exibição de força e coragem de um atleta de rodeio - um
esporte que nem sempre está à vista de todos, mas que ainda assim conquista cada
vez mais fãs no Brasil. Se para o peão a ação é breve, para o público a emoção
dura muito mais: um minuto depois, lá está o próximo candidato a domar o touro.
E começa tudo de novo, 40, 50, 60 vezes por noite, por três ou quatro dias
seguidos.
“Nosso esporte é radical por definição, é o precursor entre as modalidades radicais. E é isso que atrai o público, é por isso que cada vez mais gente acompanha as nossas competições", diz o americano Jim Hayworth, presidente da PBR, a Professional Bull Riders, uma espécie de Fifa da montaria em touro, como o esporte prefere ser chamado (“rodeio”, segundo eles, remete a toda a festa que costuma envolver os eventos, com exposições, leilões de gado e shows de música sertaneja). "Onde mais se pode conseguir tanta adrenalina em dez segundos?”, diz Hayworth. Radical, sim, mas também profissional. A versão nacional do PBR, uma espécie de campeonato brasileiro da modalidade, foi criada em 2007 e neste ano contará com 30 etapas. A expectativa de público total é de nada menos que 6 milhões de espectadores nas arenas - sem contar as transmissões por TV aberta e a cabo e pela internet, via streaming. Em 2011, com 5,6 milhões de pessoas, o público que acompanhou as competições de perto foi o mesmo dos 380 jogos do Campeonato Brasileiro somados. A cada etapa, são criados 14.000 postos de trabalho. Neste fim de semana, em Londrina, na segunda etapa da temporada 2013, serão 80.000 reais em prêmios distribuídos - valor modesto se comparado aos salários dos astros do futebol, mas generoso quando se compara a modalidade a outros esportes menos consagrados - como o MMA, onde os cachês dos lutadores em alguns eventos ficam numa faixa parecida.
“Nosso esporte é radical por definição, é o precursor entre as modalidades radicais. E é isso que atrai o público, é por isso que cada vez mais gente acompanha as nossas competições", diz o americano Jim Hayworth, presidente da PBR, a Professional Bull Riders, uma espécie de Fifa da montaria em touro, como o esporte prefere ser chamado (“rodeio”, segundo eles, remete a toda a festa que costuma envolver os eventos, com exposições, leilões de gado e shows de música sertaneja). "Onde mais se pode conseguir tanta adrenalina em dez segundos?”, diz Hayworth. Radical, sim, mas também profissional. A versão nacional do PBR, uma espécie de campeonato brasileiro da modalidade, foi criada em 2007 e neste ano contará com 30 etapas. A expectativa de público total é de nada menos que 6 milhões de espectadores nas arenas - sem contar as transmissões por TV aberta e a cabo e pela internet, via streaming. Em 2011, com 5,6 milhões de pessoas, o público que acompanhou as competições de perto foi o mesmo dos 380 jogos do Campeonato Brasileiro somados. A cada etapa, são criados 14.000 postos de trabalho. Neste fim de semana, em Londrina, na segunda etapa da temporada 2013, serão 80.000 reais em prêmios distribuídos - valor modesto se comparado aos salários dos astros do futebol, mas generoso quando se compara a modalidade a outros esportes menos consagrados - como o MMA, onde os cachês dos lutadores em alguns eventos ficam numa faixa parecida.
“O Brasil, junto com a
Austrália, é o pais em que nosso esporte mais cresce no mundo, e estamos
trabalhando duro para dar ao fã um espetáculo cada vez melhor”, afirma
Hayworth. O "Dana White dos rodeios", que esteve no Brasil na semana
passada para participar de reuniões com parceiros e também para participar de
ações promocionais, comanda a empresa desde 2011 e admite que se sai melhor
como executivo do que como atleta. “Não, eu nunca montei em um touro. Até
gostaria, mas sou grande demais, não tenho o tipo físico para isso. Prefiro os
cavalos”, contou ele.
Contusões e
capacetes - Cada vez mais um esporte de massa, o rodeio também cria
ídolos. Silvano Alves, que vive na pequena Pilar do Sul, no interior de São
Paulo, sagrou-se campeão mundial nos últimos dois anos, vencendo a série de
torneios disputada nos Estados Unidos e faturando nada menos que 2 milhões de
reais a cada temporada - isso apenas como prêmio pelo título. Outro nome forte
é Edevaldo Ferreira, atual bicampeão brasileiro, que competirá em Londrina com
outros 50 peões pelo prêmio. Ele se recuperou de uma contusão que o deixou fora
de ação por um mês. Também participou de algumas etapas de competições
realizadas nos Estados Unidos. “Estou muito confiante. A temporada começou
agora e ainda há muitas disputas pela frente, tanto aqui no Brasil como no
exterior. Tenho feito uma recuperação rápida e estou pronto para recomeçar”,
avisa, como se fosse um atleta de qualquer outra modalidade mais popular.
É um esporte radical, sim,
mas também seguro: hoje os peões só vestem o tradicional chapéu na hora de dar
entrevistas e de conversar com o público. Sobre o touro, capacete e colete de
proteção são itens obrigatórios. O tratamento concedido aos touros, alvo de
muitos protestos de organizações de proteção dos animais, é cada vez mais
cuidadoso - eles viajam em caminhões que têm amortecedores no piso e são
acompanhados permanentemente por uma equipe de veterinários. “Eles são as
nossas verdadeiras estrelas", explica Flávio Junqueira, presidente do PBR
Brasil. "Se você pensa em rodeio, em montaria, até hoje o nome mais
conhecido é o Bandido, o da novela, lembra? Mais do que qualquer peão. Por
isso, é claro que precisamos tratá-los muito bem, como merecem todas as
estrelas”, explica ele, citando o touro que contracenava com Murilo Benício na
novelaAmérica. Bandido morreu em
2009 e foi homenageado com uma estátua em Barretos, a meca da montaria. Como os
astros de qualquer esporte, eles valem muito: num leilão recente, um criador
venceu um “pacote” de 35 animais por cerca de 1,4 milhão de reais. O mais caro
deles custou 127.000 reais.
Um negócio de US$ 350 milhões
O chefão dos rodeios fala sobre os atrativos da modalidade, o crescimento do espetáculo no Brasil e sobre os cuidados tomados no tratamento dos touros
O executivo americano Jim Hayworth assumiu o comando da Professional
Bull Riders (PBR) em 2011, com o objetivo de transformar a montaria em touros
em um esporte de sucesso. Ele acredita que vem cumprindo seus objetivos.
“Movimentamos cerca de 350 milhões de dólares no último ano, e temos condição
de competir com qualquer liga americana em força econômica, à exceção da NFL”,
diz, citando a bilionária liga do futebol americano. Em visita ao Brasil para
prospectar novos negócios, ele falou a VEJA sobre o crescimento do esporte no
pais.
Como o senhor vê o crescimento do rodeio no Brasil? Estamos comemorando vinte anos de PBR nos Estados Unidos, e acho que os investidores do começo nem imaginavam como essa ascensão seria rápida, não apenas lá, mas em países como o México, o Canadá, a Austrália e especialmente o Brasil. Hoje vemos o Brasil como um mercado de muita oportunidade para o futuro, que talvez possa se tornar até maior do que os Estados Unidos. Acho que o sucesso no Brasil se baseia na identificação que as pessoas têm com o estilo de vida que cerca o rodeio e a montaria em touro. O crescimento da economia e a ascensão da classe média são fatores importantes, mas não é só isso: tem a ver com essa identificação entre o rodeio e a vida das pessoas, especialmente no interior do Brasil. Também entram outros fatores, como a exposição cada vez maior na televisão e em outras mídias, e o sucesso de peões brasileiros como Silvano Alves, que é o atual bicampeão mundial, e Adriano Moraes, que foi três vezes campeão.
Qual é o grande apelo para atrair mais fãs? Acho que os jovens querem esportes radicais, e o nosso é um deles. Pode ser tão atraente quando qualquer outro. Há o perigo e também a emoção, e são esses fatores que fazem as pessoas se interessar. Nós acreditamos que a montaria em touros é o esporte radical original, ele vem antes do motocross, do skate, do bungee jumping, e pode ser tão emocionante quanto qualquer um deles.
O senhor já tentou montar num touro? Não, eu sou grande demais e velho demais para isso. Já montei cavalos, mas nem se compara. Mas adoro assistir. Costumamos dizer que, comparando com o futebol, no rodeio temos um gol a cada oito ou dez segundos. É uma emoção diferente esperar para ver se é o touro ou o peão que vai vencer.
As denúncias de maus tratos aos animais tornaram os rodeios eventos polêmicos. Como os organizadores zelam pea saúde e o bem-estar dos touros? Quem tiver a oportunidade de acompanhar uma de nossas etapas poderá ver que os touros são tratados como popstars. Acho que temos até mais preocupação com eles do que com os peões! Ficamos atentos à alimentação deles, ao transporte entre uma e outra etapa... Cuidar dos animais e tratá-los com carinho e atenção é fundamental para o sucesso de nosso espetáculo. Além disso, tudo acontece numa arena aberta, com 50.000 pessoas assistindo. Nós não atrairíamos tanto público se os animais estivessem sendo maltratados diante de todo esse público.
Quanto dinheiro a indústria de rodeio movimenta hoje? Ainda não temos cálculos específicos no Brasil, mas sabemos que grandes eventos, como Barretos ou Americana, podem criar de 12.000 a 14.000 postos de trabalho temporários, desde a parte de luz, som e montagem das arquibancadas até a prestação de serviços e venda de produtos. Globalmente, podemos dizer que o PBR movimenta cerca de 350 milhões de dólares por ano. Acho que podemos competir com qualquer uma das ligas mais valiosas nos Estados Unidos, à exceção da NFL. Temos um esporte atraente para oferecer ao público e queremos conquistá-lo.
Como o senhor vê o crescimento do rodeio no Brasil? Estamos comemorando vinte anos de PBR nos Estados Unidos, e acho que os investidores do começo nem imaginavam como essa ascensão seria rápida, não apenas lá, mas em países como o México, o Canadá, a Austrália e especialmente o Brasil. Hoje vemos o Brasil como um mercado de muita oportunidade para o futuro, que talvez possa se tornar até maior do que os Estados Unidos. Acho que o sucesso no Brasil se baseia na identificação que as pessoas têm com o estilo de vida que cerca o rodeio e a montaria em touro. O crescimento da economia e a ascensão da classe média são fatores importantes, mas não é só isso: tem a ver com essa identificação entre o rodeio e a vida das pessoas, especialmente no interior do Brasil. Também entram outros fatores, como a exposição cada vez maior na televisão e em outras mídias, e o sucesso de peões brasileiros como Silvano Alves, que é o atual bicampeão mundial, e Adriano Moraes, que foi três vezes campeão.
Qual é o grande apelo para atrair mais fãs? Acho que os jovens querem esportes radicais, e o nosso é um deles. Pode ser tão atraente quando qualquer outro. Há o perigo e também a emoção, e são esses fatores que fazem as pessoas se interessar. Nós acreditamos que a montaria em touros é o esporte radical original, ele vem antes do motocross, do skate, do bungee jumping, e pode ser tão emocionante quanto qualquer um deles.
O senhor já tentou montar num touro? Não, eu sou grande demais e velho demais para isso. Já montei cavalos, mas nem se compara. Mas adoro assistir. Costumamos dizer que, comparando com o futebol, no rodeio temos um gol a cada oito ou dez segundos. É uma emoção diferente esperar para ver se é o touro ou o peão que vai vencer.
As denúncias de maus tratos aos animais tornaram os rodeios eventos polêmicos. Como os organizadores zelam pea saúde e o bem-estar dos touros? Quem tiver a oportunidade de acompanhar uma de nossas etapas poderá ver que os touros são tratados como popstars. Acho que temos até mais preocupação com eles do que com os peões! Ficamos atentos à alimentação deles, ao transporte entre uma e outra etapa... Cuidar dos animais e tratá-los com carinho e atenção é fundamental para o sucesso de nosso espetáculo. Além disso, tudo acontece numa arena aberta, com 50.000 pessoas assistindo. Nós não atrairíamos tanto público se os animais estivessem sendo maltratados diante de todo esse público.
Quanto dinheiro a indústria de rodeio movimenta hoje? Ainda não temos cálculos específicos no Brasil, mas sabemos que grandes eventos, como Barretos ou Americana, podem criar de 12.000 a 14.000 postos de trabalho temporários, desde a parte de luz, som e montagem das arquibancadas até a prestação de serviços e venda de produtos. Globalmente, podemos dizer que o PBR movimenta cerca de 350 milhões de dólares por ano. Acho que podemos competir com qualquer uma das ligas mais valiosas nos Estados Unidos, à exceção da NFL. Temos um esporte atraente para oferecer ao público e queremos conquistá-lo.
Por: redação
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