Uma
igreja que começou com surfistas e skatistas ganha cada vez mais adeptos e
cresce feito "bola de neve", como o próprio nome sugere. A identidade
despojada e a linguagem jovem são meios de os frequentadores despertarem sua fé
Tatuagem, alargador,
bermuda, tênis e cabelo colorido. A descrição poderia ser de um grupo de amigos
que se encontram em um barzinho descolado da cidade ou de alguma pista de skate
da moda. Os itens listados, porém, compõem pessoas que frequentam uma igreja
evangélica chamada Bola de Neve e que, assim como as outras vertentes, segue
premissas muito bem firmadas. Seus fiéis acreditam na liberdade de cada um ser
o que é, independentemente do estilo que veste ou da pegada musical que curte.
Iniciada em Brasília após um adolescente acompanhar, via internet, o desenvolvimento da Bola de Neve Church em São Paulo, já se vão quatro anos com a firmação da sua veia inclusiva aos jovens da capital. Mas, que fique claro, eles também cativam pessoas mais velhas, de estilo “comum”.
“Você não precisa tratar Deus com formalidades, pode falar com ele da forma mais sincera”, conta a auxiliar administrativo Mariane Santos. O relato resume parte da vertente de não julgar o próximo, que a igreja sustenta.
Com uma rotina preenchida por atividades da Bola de Neve todos os dias da semana, com exceção dos sábados, Mariana é uma jovem de 27 anos que acredita que a maneira com que a igreja acolhe as pessoas, sem se preocupar com as aparências, permite uma convivência mais fácil com as doutrinas pregadas na Bíblia. “Em outros lugares, talvez por conta das minhas tatuagens, eu não seria bem aceita”, conta. E entre os vários desenhos que tem pelo corpo, um versículo bíblico escrito nas costas chama a atenção.
Em Brasília, os encontros começaram há oito anos, com poucas pessoas em uma casa no Lago Sul, e hoje a doutrina acontece em um grande galpão no setor de indústrias da cidade, com louvores de pegada forte na guitarra e bateria, e liberdade para os presentes dançarem no ritmo da música.
Iniciada em Brasília após um adolescente acompanhar, via internet, o desenvolvimento da Bola de Neve Church em São Paulo, já se vão quatro anos com a firmação da sua veia inclusiva aos jovens da capital. Mas, que fique claro, eles também cativam pessoas mais velhas, de estilo “comum”.
“Você não precisa tratar Deus com formalidades, pode falar com ele da forma mais sincera”, conta a auxiliar administrativo Mariane Santos. O relato resume parte da vertente de não julgar o próximo, que a igreja sustenta.
Com uma rotina preenchida por atividades da Bola de Neve todos os dias da semana, com exceção dos sábados, Mariana é uma jovem de 27 anos que acredita que a maneira com que a igreja acolhe as pessoas, sem se preocupar com as aparências, permite uma convivência mais fácil com as doutrinas pregadas na Bíblia. “Em outros lugares, talvez por conta das minhas tatuagens, eu não seria bem aceita”, conta. E entre os vários desenhos que tem pelo corpo, um versículo bíblico escrito nas costas chama a atenção.
Em Brasília, os encontros começaram há oito anos, com poucas pessoas em uma casa no Lago Sul, e hoje a doutrina acontece em um grande galpão no setor de indústrias da cidade, com louvores de pegada forte na guitarra e bateria, e liberdade para os presentes dançarem no ritmo da música.
A história da Bola de Neve
Church no Brasil também é recente. A ideia surgiu após o surfista Rinaldo
Pereira se desligar de uma igreja protestante tradicional e decidir reunir
amigos com o mesmo estilo despojado, para orar e estudar a palavra de Deus no
bairro Brás, em São Paulo. Os cultos começaram em 1999, realizados em um
auditório de uma empresa de surfe. E foi pela necessidade de achar algo para
servir de púlpito que uma prancha de longboard tornou-se a sustentação para a
Bíblia e para a identidade informal que cresceria a partir dali.
Hoje, presente em praticamente todos os estados brasileiros e com sede em países como Argentina, Índia, Rússia, EUA, Austrália e Peru, a igreja não para de crescer. Além do visual alternativo, explora o rock e o reggae como melodia para suas letras de adoração.
Com 250 frequentadores ativos, a sede da capital federal – a primeira do Centro-Oeste – já originou filiais em Goiânia, Cuiabá, Pirenópolis e Brazlândia. E se depender da galera que frequenta e divulga as impressões sobre a igreja em uma página na rede social Facebook, a tendência é que de cada vez mais pessoas queiram surfar nessa onda de fé.
Hoje, presente em praticamente todos os estados brasileiros e com sede em países como Argentina, Índia, Rússia, EUA, Austrália e Peru, a igreja não para de crescer. Além do visual alternativo, explora o rock e o reggae como melodia para suas letras de adoração.
Com 250 frequentadores ativos, a sede da capital federal – a primeira do Centro-Oeste – já originou filiais em Goiânia, Cuiabá, Pirenópolis e Brazlândia. E se depender da galera que frequenta e divulga as impressões sobre a igreja em uma página na rede social Facebook, a tendência é que de cada vez mais pessoas queiram surfar nessa onda de fé.
“A gente se atrai
exatamente pelo ponto de referência. Chega aquela mina de piercing em outra
igreja, neguinho já vai querer arrancar aquilo, falando que é pecado. Aqui não.
Se ela quiser deixar de usar, vai deixar de usar com o tempo”, conta Lucas
Aleixo, mostrando que, depois de oito anos na Bola de Neve, não perdeu o jeito
próprio de falar.
Skatista e com o corpo todo estampado por tatuagens, o carioca de 32 anos tem bagagem para falar sobre aparência e superação. Ele foi dono de uma boate em Brasília e curtiu a noite da cidade como poucos, viu de perto os reflexos negativos de uma vida desregrada. Ex-usuário de drogas, vê, hoje, por meio do testemunho de frequentar a igreja alternativa desde o seu início, a possibilidade de tirar outras pessoas desse estilo de vida. “Como Deus usa cada pessoa para atingir um ponto, eu sou usado para levar a palavra para quem ninguém quer falar”, teoriza, para em seguida completar: “Sou eu que falo de Deus para o cara que tá sentado no meio fio, que as pessoas acham que é ladrão”. De acordo com Lucas, a credibilidade adquirida pelas experiências conta muito nessa hora. “Porque você chegar para falar de Deus para alguém que não conhece, é muito louco. A pessoa já fica desconfiada, te olha torto”, relata.
Com atividades durante toda a semana, que vão do jiu-jítsu a pedaladas por Brasília, passando por um curso de teologia, a Bola de Neve tem no esporte uma porta de entrada para fiéis (veja programação no quadro). Para a atual pastora da filial de Brazlândia e professora das aulas de capoeira na igreja, o que destaca a doutrina é a identidade que ela assume e que reflete sobre os pastores, embora ela tenha os mesmos princípios cristãos que as outras congregações. “Não tem uma fórmula muito diferente das outras igrejas. A essência é a mesma, só que com uma roupa mais jovem”, descreve Nívia Borges.
Skatista e com o corpo todo estampado por tatuagens, o carioca de 32 anos tem bagagem para falar sobre aparência e superação. Ele foi dono de uma boate em Brasília e curtiu a noite da cidade como poucos, viu de perto os reflexos negativos de uma vida desregrada. Ex-usuário de drogas, vê, hoje, por meio do testemunho de frequentar a igreja alternativa desde o seu início, a possibilidade de tirar outras pessoas desse estilo de vida. “Como Deus usa cada pessoa para atingir um ponto, eu sou usado para levar a palavra para quem ninguém quer falar”, teoriza, para em seguida completar: “Sou eu que falo de Deus para o cara que tá sentado no meio fio, que as pessoas acham que é ladrão”. De acordo com Lucas, a credibilidade adquirida pelas experiências conta muito nessa hora. “Porque você chegar para falar de Deus para alguém que não conhece, é muito louco. A pessoa já fica desconfiada, te olha torto”, relata.
Com atividades durante toda a semana, que vão do jiu-jítsu a pedaladas por Brasília, passando por um curso de teologia, a Bola de Neve tem no esporte uma porta de entrada para fiéis (veja programação no quadro). Para a atual pastora da filial de Brazlândia e professora das aulas de capoeira na igreja, o que destaca a doutrina é a identidade que ela assume e que reflete sobre os pastores, embora ela tenha os mesmos princípios cristãos que as outras congregações. “Não tem uma fórmula muito diferente das outras igrejas. A essência é a mesma, só que com uma roupa mais jovem”, descreve Nívia Borges.
Com uma linguagem cheia de
gírias, Marcela Diniz também ilustra essa característica. Casada com o pastor
da sede brasiliense, Rodrigo Foca, ela é pastora e líder do Ministério de
Mulheres e tem um visual moderno, com sapatilha de oncinha e unha pintada de
cor rosa chiclete, mas nada muito diferente dos frequentadores da Bola: “Isso é
exatamente a marca da igreja”.
Ela associa o estilo “livre” da igreja a um versículo bíblico. “Nós não devemos usar da liberdade que nós temos para dar ocasião à carne”, cita, e explica que dar ocasião à carne, no caso, é exceder essa liberdade. “Eu tenho liberdade de me vestir da maneira que eu quero”, exemplifica, complementando, porém, que não deve ser vulgar. “Não convém com os padrões de Deus. Não é algo imposto pela Bola de Neve, pela Universal (do Reino de Deus) ou pela Assembléia (de Deus). É algo que a bíblia nos ensina”, pontua.
Os integrantes contam que o pastor não fica de chinelo em cima do púlpito. Há esse respeito para que as pessoas entendam realmente o propósito que a igreja prega.
Segundo a pastora Marcela, há uma ideia que realmente aproxima as pessoas da igreja no começo. “Elas têm muita vontade de conhecer a Deus, só que, por outro lado, não querem, nesse primeiro momento, mudar sua maneira de ser ou ter uma imposição de regras e normas. Não querem ser julgados”, descreve.
Ela associa o estilo “livre” da igreja a um versículo bíblico. “Nós não devemos usar da liberdade que nós temos para dar ocasião à carne”, cita, e explica que dar ocasião à carne, no caso, é exceder essa liberdade. “Eu tenho liberdade de me vestir da maneira que eu quero”, exemplifica, complementando, porém, que não deve ser vulgar. “Não convém com os padrões de Deus. Não é algo imposto pela Bola de Neve, pela Universal (do Reino de Deus) ou pela Assembléia (de Deus). É algo que a bíblia nos ensina”, pontua.
Os integrantes contam que o pastor não fica de chinelo em cima do púlpito. Há esse respeito para que as pessoas entendam realmente o propósito que a igreja prega.
Segundo a pastora Marcela, há uma ideia que realmente aproxima as pessoas da igreja no começo. “Elas têm muita vontade de conhecer a Deus, só que, por outro lado, não querem, nesse primeiro momento, mudar sua maneira de ser ou ter uma imposição de regras e normas. Não querem ser julgados”, descreve.
Frequentador há seis anos
dos cultos despojados, Ari Falcão reconhece que à primeira vista, a aceitação
do visual diferente foi o que o chamou a atenção. “O fato de a gente ser bem
aceito como a gente é atrai as pessoas”, acredita. Para o recém-convertido e
surfista Rodrigo Duarte, porém, a questão da identidade pode até ser um
chamativo, mas não será o que vai sustentar a permanência da pessoa dentro das
normas cristãs. “Aqui é a casa do Pai e na casa do Pai, se você está buscando
coisa do mundo, você não vai encontrar. E você vai ter que inevitavelmente
sair”, comenta.
O administrador de empresas Carlos Belich, de 54 anos, faz parte dos perfis “mais comuns” que frequentam cada vez mais a Bola. Com três filhos adolescentes, ele viu na veia despretenciosa da igreja a chance de deixar os herdeiros próximos da vivência com Deus. E aí também se apegou à congregação e acabou ficando. “Existem regras, como em toda igreja evangélica. Mas nós estamos aqui como uma família”, descreve a convivência que o cativou há dois anos. E resume: “Os jovens se sentem como uma família nesse lugar”.
O administrador de empresas Carlos Belich, de 54 anos, faz parte dos perfis “mais comuns” que frequentam cada vez mais a Bola. Com três filhos adolescentes, ele viu na veia despretenciosa da igreja a chance de deixar os herdeiros próximos da vivência com Deus. E aí também se apegou à congregação e acabou ficando. “Existem regras, como em toda igreja evangélica. Mas nós estamos aqui como uma família”, descreve a convivência que o cativou há dois anos. E resume: “Os jovens se sentem como uma família nesse lugar”.
Por: Jéssica
Germano
Fonte: Revistaencontro